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POR QUE CASTRAR SEU ANIMAL?

Não é difícil sair às ruas e encontrar vários animais soltos, sujeitos a todos os perigos e dificuldades da vida em vias públicas. Infelizmente temos atualmente no Brasil, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 30 milhões de animais abandonados. Sendo 20 milhões de cachorros e 10 milhões de gatos.
Além de maus tratos pelos quais estes animais passam, temos ainda o problema da saúde pública. Por este motivo esta situação precisa ser pensada e ações devem ser tomadas para solucionar esta questão. Atitudes como conscientização da população sobre o direito a vida saudável dos animais, incentivo à adoção e a castração são exemplos que podem ser implantados para evitar o abandono.
Trataremos aqui especificamente sobre a castração. Para isso a GLOBAL TEND BRASIL TREINAMENTOS convidou a veterinária CAROLINE PEREIRA PORTO para debatermos sobre o tema.
De acordo com Carolina, essa cirurgia é feita em consultório e clínicas veterinárias e é muito simples. Procedimento constantemente presente no dia a dia do veterinário e do auxiliar de médico veterinário.

Benefícios da castração

“Cada proprietário acolhe um benefício e escolhe a castração segundo o que vai atender melhor a sua criação. Mas, basicamente os benefícios são:
1 – A fêmea não tem a gestação indesejada. Porque principalmente para quem tem gatos, são animais de difícil controle no ambiente doméstico, estão sujeitos a fuga e até a outros animais entrarem na casa. Então, com a castração você consegue manter seu animal junto sem ter uma multiplicação do bicho.

2 – Saúde do animal. O câncer é uma neoplasia que causa no animal uma debilidade muito grande que pode levar a óbito e causar muita tristeza na família. Estudos comprovam que castrando tanto os machos de cães e gatos, quanto as fêmeas, reduz-se drasticamente a incidência de tumores. Nas fêmeas gatas diminuem em cerca de 40 a 60%, e nas cadelas é de quase 100%. Tem ainda risco de infecção no aparelho reprodutor das fêmeas, que também pode levar o animal a falecer. Com a retirada do útero, o animal não mais se sujeita a esta condição. Nos machos, os dois tipos de câncer mais comuns são os que incidem sobre os testículos e próstata. Com a remoção do testículo a incidência de tumor neste local zera e diminui o da próstata.

3 – Diminui a agressividade dos animais Sabemos que o animal tem o instinto, tanto de proteger o local onde vive, quanto de marcar o território, basicamente urinando na área e atacando quando veem animais de fora ou mesmo seres humanos. A castração diminui essa agressividade, e aumenta a docilidade do animal, tanto macho quanto fêmea.”, disse a médica veterinária.

Cuidados com relação à castração

Como todo procedimento cirúrgico, há os cuidados pré e pós operatório. O animal necessita estar hígido, saudável para se submeter à castração e passar por um prévio exame.
Carolina salienta que quanto mais jovem o animal melhor, até mesmo antes do primeiro cio. “Entre os seis meses e um ano de vida a castração já pode ser realizada. Não deve ser feita na época do cio, pois o aparelho reprodutor está sob alterações hormonais”, apontou.
MACHOS E FÊMEAS
Carolina explica que a cirurgia no macho é muito mais simples, com uma pequena incisão para a remoção do testículo, pois ele está sob a pele. “Já nas fêmea é muito invasivo pois é retirado útero e ovário o que torna o pós-operatório mais complicado pelo fato do animal estar com um corte na barriga”, orienta a veterinária.
CUIDADOS APÓS CASTRAÇÃO
Tanto machos quanto fêmeas devem tomar corretamente a medicação e evitar movimentação excessiva.
MITOS DA CASTRAÇÃO
1)     Os animais ganham peso depois da castração.
A veterinária salienta que isto não é comprovado cientificamente. “O que acontece é que a retirada das gônadas, causa no animal uma diminuição do hábito de se exercitar. Então esse animal ao ficar mais calmo e mais tranquilo, dorme mais horas por dia, do que dormia antes da castração.”  Carolina orienta que para evitar o ganho de peso do animal deve-se reduzir a alimentação, não dando petiscos, não dar comida fora de hora e tentar manter o nível de atividade do animal.
Riscos da obesidade no animal: lembra a veterinária, que o ganho de peso gera diversos problemas no organismo, até semelhantes aos seres humanos como diabetes, pelo excesso de gordura.
SAÚDE PÚBLICA
Sabemos que as cachorras, apontou a Carolina, têm em média dois cios por ano, e dependendo da raça, esse animal pode ter até oito, dez filhotes. Esses filhotes, ao atingirem a idade madura, podem, eles também gerar novos filhotes. As gatas costumam ter até quatro a cinco cios por ano. “Essa multiplicação destes animais abandonados que não têm nenhum cerceamento à sua reprodução gera um problema de saúde pública, pois são animais que não recebem vacinas, vermífugos, estão sujeitos a doenças como zoonoses, que são doenças transmitidas entre os animais e os homens.” Por isso Carolina salienta a importância de uma conscientização para a diminuição da população de animais de ruas.
“Esses animais podem ser adotados, entregues a adoção responsáveis, e também serem submetidos a castração. Estas medidas em diversos países tem sido utilizadas para reduzir ou até eliminar animais abandonados.”
Na cidade de Angra, segundo Carolina, existem diversos profissionais que fazem eventos de castração. “Eles estão conscientes deste problema. Esse número ainda é muito pequeno, o primeiro passo é esclarecer a população que os animais são seres vivos, que têm direito à vida, podem ser adotados, ou ser acolhidos pelo centro de controle de zoonose, serem vermifugados, vacinados, castrados e aguardarem uma adoção. E num segundo momento a participação de empresários, veterinários, que podem fazer mutirões para a castração, cobrando apenas o material utilizado. Desta forma a condição de vida do animal será melhorada e também da população do local onde o animal vive.
Qualquer um que percebe um animal abandonado pode entrar em contato com a CCZ da sua cidade e pedir para que o animal seja recolhido.
Carolina lembra que é importante saber que os animais de rua geralmente estão em condições precárias de saúde. “Quem se habilita a acolher o animal, deve fazer isso com consciência de encaminhá-lo a um veterinário para que ele passe por um exame para verificar suas condições de saúde. Existem ONG’s que fazem este tipo de trabalho, para que o animal depois possa ser encaminhado para adoção. A princípio esta responsabilidade deve ser do estado, pois terá mais condições de verificar tudo que o animal necessita e depois encaminhá-lo para adoção.”, afirmou a médica.
Animais quando doentes e machucados têm comportamentos imprevisíveis, podem tentar morder quando alguém chega perto deles, pois não sabem qual sua intenção e temem sua atitude, pois muitas vezes são maltratados e têm receio do ser humano. Desta forma a veterinária observa que a situação adequada é que o animal seja recolhido pelo estado, pois se acolhido sem os devidos cuidados pode colocar em risco sua saúde e dos seus familiares.

Carolina Pereira Porto
CRMV/TO 817